terça-feira, 3 de novembro de 2009

A origem da opressão feminina

Em seu livro A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, Friedrich Engels aponta que a opressão da mulher não tem origem no capitalismo, mas sim na origem da propriedade privada. Quando os humanos passaram de coletores a agricultores e destes a criadores de gado e outros animais, a sociedade que ainda estava nos estágios pré-históricos da civilização começa a modificar-se drasticamente.
O que antes parecia aos nossos olhos uma barbárie, era na verdade o comunismo primitivo, onde homens e mulheres exerciam papéis de igual importância na família que nesta época era coletiva. Homens e mulheres se relacionavam livremente, tinham responsabilidades de igual importância e por viverem em coletividade e não em casais só se sabia a procedência dos filhos através da linhagem materna. Desta forma as mães e os pais eram igualmente responsáveis por todas as crianças.
Aos homens desta época eram destinadas as tarefas de caça e coleta de frutos e as mulheres produziam utensílios domésticos, roupas feitas de pele de animais que elas secavam e costuravam e, mais adiante desenvolveram a agricultura e a domesticação de alguns animais além do cuidado das crianças.
A mulher era então muito considerada e constituía um grande poder dentro dos clãs, podendo inclusive destituir um chefe e rebaixá-lo a condição de simples guerreiro (Morgan, Ancient Society, citado por Engels)
Os casamentos poderiam ser desfeitos a qualquer momento e cada um ficava com seus instrumentos de trabalho, porem com as mulheres ficavam também os filhos por serem reconhecidos pela linha materna. Isto de forma alguma trazia prejuízos para a mulher, pois além dos casamentos serem grupais, todos os outros homens continuava sendo pais das crianças e a vida seguia sem problemas.
A partir do momento que os homens começaram a criar gado, ovelhas, camelos, etc., a situação da mulher começa a mudar, pois como já vimos os instrumentos de trabalho em caso de separação e agora também por morte do homem, tudo que a ele pertencia volta aos seus parentes por parte de mãe, já que a descendência era contada por linha materna. Neste momento acontece uma transformação na forma dos casamentos, pois com o aumento da produção de alimentos e sendo o homem o principal produtor, passou a ser “necessário” saber quem era o pai biológico para que o filho pudesse receber a herança que já não era mais propriedade coletiva e sim privada.
Neste momento da história a mulher tem sua primeira grande derrota, pois agora não é ela quem determina a descendência e sim o homem, sua importância na sociedade é reduzida drasticamente.
A propriedade privada e a nova forma de casamento (a monogamia para as mulheres) submetem a mulher totalmente ao homem que precisa ter a certeza de que os filhos são de fato seus, a liberdade de escolha de parceiros já não existe e a fidelidade é exigida a qualquer custo, além disso, o homem passa também a ter o poder sobre a vida da mulher que passa a ser nada mais que um objeto.
Deste momento até nossos dias a situação da mulher não tem sido nada fácil, a maioria das responsabilidades com a família – criação e educação dos filhos, cuidados com os mais idosos, cuidados com os afazeres domésticos e uma longa lista de etc. – é exclusivamente sua e se ela recusar-se a fazer corre o risco de ser espancada e morta como vemos todos os dias nos noticiários.
Por todos estes motivos e mais outros tantos que trataremos nos próximos textos é que fazemos um chamado a todas as mulheres para organizarmos a luta em torno de nossos direitos. Não queremos voltar ao comunismo primitivo, queremos avançar para uma sociedade justa e igualitária que será o socialismo. Vamos juntar nossas forças nesta luta que é muito árdua e extremamente necessária, mas que com certeza vale à pena.

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